22 de dezembro de 2011

AXIAL ZOUK ou QUERO SER GRANDE ou ainda ADEUS DORFLEX: parte I

Eu, Evie Souto Miranda, farmacêutica, ex-lambadeira frustrada e atual zoukeira obsessivo-compulsiva , venho requer de mim mesma o direito de zoukear maratonisticamente por toda a minha vida, sem necessitar recorrer a medidas farmacológicas anti-álgicas (leia-se Dorflex®). Assumo comigo mesma o compromisso de adotar na minha rotina pessoal a preparação corporal (PC) que venho desenvolvendo e que apresento neste texto, cujas metas principais são a prevenção de lesões, o condicionamento físico global e o desenvolvimento expressivo.

Como boa zoukeira, desejo insanamente estar preparada para “dançar todas” e sempre amanhecer “nova em folha”, pronta para a próxima maratona! Movida pelo desejo de um corpo mais duradouro e menos dolorido, comecei a desenvolver minha PC abordando os momentos que chamei de pré-baile, baile e pós-baile. No dia 04/10/11, apresentei estes três momentos à turma de Estudos do Corpo (ECO) IV e recebi sugestões para incluir exercícios de torções no momento pré-baile, e de fortalecimento das costas e do abdômen. Posteriormente, Patrícia Leal chamou atenção para a soltura articular e os alinhamentos, enquanto Fafá Daltro reforçou veementemente a necessidade de fortalecimento da musculatura abdominal.

A partir das observações e dos conteúdos das aulas que se seguiram, continuei repensando e modificando minha PC, pegando das aulas o que achei que servia para mim. “A gente deve se desligar da idéia de que as danças pertencem a alguém., ao seu professor. Em uma aula, pega-se o que se precisa e faz-se dele o que quiser”. (LAUNAY, 2010, p.87). Passei a me identificar em especial com as aulas de Clara Trigo, pela sua incrível capacidade de pensar novos caminhos de aprendizado corporal, pela sua inquietação na experimentação do movimento em posições que nunca pude imaginar. Muitas vezes tive a pretensa sensação de que suas aulas passaram a ser feitas sob medida para a minha pesquisa. Como nas histórias das relações, tive a sensação descrita por um dos entrevistados: “É a maneira pela qual eu pude ser levado em consideração, essa espécie de ternura...O mestre deposita confiança em você, mas mais do que isso, ele discerne e descobre alguma coisa em você (...)” (LAUNAY, 2010, p.86)

Os momentos pré-baile, baile e pós-bailes foram testados nos dias 25/09/11, 29/10/11 (maratona de zouk), 10/12/11 e 11/12/11 com resultados positivos. Embora as dores na região paravertebral continuem se manifestando ainda durante o baile, nos dias seguintes meu estado doloroso tem sido muito menor (e sem uso de Dorflex®). Mantive os três momentos anteriormente relatados e acrescentei ainda um quarto momento: o de manutenção. Alexandre de Paula Júnior (Allê, meu precioso colaborador via facebook) foi o primeiro a sinalizar a importância de uma atividade regular para melhorar meu condicionamento físico de forma global e prevenir lesões crônicas como osteófitos (bico de papagaio), artrites, atroses, hérnias de disco e cervicalgia crônica, devido à compressão articular e ao esforço repetitivo (além de insistir na redução de peso).

No momento pré-baile foco no aquecimento por mobilização articular, alongamentos estáticos e flexibilidade por soltura articular. Os músculos aquecidos são mais flexíveis e apresentam menores risco de laceração em comparação aos músculos frios, os quais contraem lentamente. O aquecimento mais eficaz consiste na realização lenta dos próprios movimentos do exercício” (MANUAL MERK). Começo alongando a região cervical com alguns exercícios sugeridos por Allê (apostila enviada por email). Em seguida me aqueço por mobilização articular utilizando exercícios propostos por Clara Trigo, alguns alongamentos estáticos e de soltura articular das aulas Patrícia Leal (principalmente balanços), além de algumas além de contrações isométricas, tanto nas flexões e extensões de abdomen (aulas de Fafá e Marcelo). Depois, seguindo o princípio da especificidade (LEITE, 1985, p.34), começo a fazer movimentos do próprio zouk (a dança com preparação para a própria dança). Em seguida tomo banho e me arrumo para o baile.

Consciente de que o intervalo entre os momentos pré-baile e baile é longo o suficiente para me desaquecer, continuo tentando dançar com aumento gradual de velocidade e amplitude, o que é muito difícil de controlar tanto por depender do parceiro quanto por não conseguir controlar a minha própria euforia. No momento baile, me entrego à investigação expressiva, seja experimentando “arritmias” na relação com a música, seja variando as qualidades dos movimentos (fluência, tempo, peso e espaço), níveis e planos, seja buscando usar a respiração como elemento integrador (outra dificuldade, devido ao meu estado eufórico e ao esforço cardiovascular), até mesmo experimentando estímulos saborosos, inspirada na interpretação criativa pelos sentidos de Patrícia Leal.

De volta a casa, me dedico ao momento pós-baile, cujo objetivo principal é a redução gradual dos esforços (resfriamento), que auxilia na remoção do ácido lático que se acumula nos músculos após o exercício. Curiosamente, sinto necessidade de me aquecer para poder relaxar! No chão, de forma lenta e relaxada, faço balanços, rolamentos, enrolamentos, alongamentos estáticos, com atenção especial para região lombar e cervical, finalizando sempre com auto-massagem usando as bolinhas de tênis proposto por Fafá Daltro em sala de aula, pressionando principalmente a região para-vertebral em sentido ascendente (aliás, elegi a auto-massagem com as bolinhas como meu ritual de relaxamento sempre que necessário). Finalizo com um demorado e relaxante banho quente e vou para a cama tentar dormir com os anjos.

Referências Bibliográficas

LAUNAY, I. O Dom do gesto. In: Greiner, C. Leituras do corpo. São Paulo: Annablumme, 2010. p.81 – 104.

LEITE, P. F. Bases científicas do condicionamento físico. In: Aptidão física, esporte e saúde. São Paulo: Robe, 1985. p.32 – 35

MANUAL MERCK SAÚDE PARA A FAMÍLIA. Exercício e Condicionamento. Seção 5, Cap.58. Disponível em <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_05/cap_058.html>Acesso em 14/11/11.

Primeira parte da pesquisa "AXIAL ZOUK ou QUERO SER GRANDE ou ainda ADEUS DORFLEX", apresentado como IIª avaliação da disciplina Estudos do Corpo IV, sob orientação de Clara Trigo, Fafá Daltro, Patrícia Leal e Marcelo Moacyr em 2011-2

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