19 de março de 2011

Mais uma performance de tango com teatro de animação. Amei! Quero um cavalheiro destes para mim!

4 de março de 2011

O Pará sempre fez o Brasil dançar!

Em janeiro deste ano tive a minha primeira experiência amazônica conhecendo Belém do Pará. Durante oito dias de programação intensa, pude conhecer não apenas os pontos turísticos como também um pouco da riqueza cultural deste lugar que conquistou meu coração. Agradeço ao meu amigo Yuri Nuñez e sua família que me acolheram em sua residência e também a seus amigos pelos bons e inesquecíveis momentos vividos.

De quebra conheci um pouco do que se dança no Pará. No passeio de barco pela orla fluvial ao entardecer assisti a apresentações de danças folclóricas. Gostei especialmente do Carimbó, que originou a lambada, e do Lundu, que marcou a forma de se dançar a dois do povo brasileiro. Veja abaixo dois vídeos das apresentações que acontecem no barco.

Eu tinha um interesse especial: conhecer o brega, expressão das danças sociais a dois muito popular no Pará. Pelo que entendi, há basicamente dois tipos de ambientes onde se pode dança brega: os bailes da saudade e as festas de aparelhagem. Meus amigos gentilmente me levaram num Baile da Saudade no Bar Botequim. Foi lá que tive minha primeira experiência amazônica dançante.

Nos Bailes da Saudade dança-se de tudo um pouco: desde o flash brega, que é mais forte, até a discoteque, passando pelo pagode, lambada e música lenta, mantendo a originalidade da música na hora de dançar. Já as festas de aparelhagem, que contam com estruturas de grande porte que lembram uma nave espacial e onde os DJs são as estrelas da festa, rola mais o tecnomelody, brega eletronicamente modificado, inclusive mais acelerado.

De todas as formas de dançar a dois que já experimentei até hoje, o brega é de base rítmica mais rápido: tomando por base um compasso quaternário, enquanto a base rítmica do soltinho é representado por semínima-semínima-colcheia-colcheia-semínima (1-2-3-e-4), o brega é representado por colcheia-colcheia-semínima- colcheia-colcheia-semínima (1-e-2 - 3-e-4). Em outras palavras, enquanto no soltinho fazemos cinco movimentos por compasso, no brega fazemos seis. Detalhes: o andamento do brega é muito mais rápido. Haja fôlego, mas isso os paraenses mostraram que têm de sobra!

Como minha experiência com o brega foi muito pontual, decidi pesquisar na internet sobre o tema para construir este texto. Segundo o professor e coreógrafo Marcelo Thiganá, o BREGA é uma expressão da dança de salão que se originou Belém, capital do Estado do Pará, região de grande pluralidade cultural.

Edson Coelho de Oliveira afirma que as origens do brega registram datas e influências variadas e, se consideradas ao pé da letra, remontam à época de ouro da música cubana (décadas de 40 e 50), passam por Elvis Presley e pela afirmação do rock (e do iê-iê-iê), assimilam os principais ritmos caribenhos, como o merengue e a cúmbia, e se formatam definitivamente em Belém no início da década de 80, com sonoridade e dança características, vestuário também estilizado e festas movidas a outra adaptação bem paraense: as gigantescas aparelhagens e suas caixas de som no estilo treme-terra.

Thiganá acredita que a expansão pelo interior do Estado se deu pela com o advento das "aparelhagens" da capital, o que ajudou a formatar os passos da dança, numa simbiose entre as danças caribenhas e os movimentos tribais amazônicos de festejo. Ele ainda faz um resumo de algumas características dessa expressão cultural:

- Influência musical: ritmos caribenhos e norte-americanos;

- Cantores influentes: Elvis Presley, Rita Pavone, Paul Anka, Neil Sedaka, Jery Lee Lewis;

- Influência dançante: danças caribenhas, danças nativas e folclóricas amazônicas;

- Dançarinos antigos: Seu Pimbinha (bairro do Jurunas), Juvenal do Sapato Branco e D. Carmelita (bairro da Pedreira), Guerreiro (bairro do Guamá), Neguinha do Babado (bairro do Coqueiro);

- Primeiras casas noturnas (Bregões): Juventos, Estrelinha, Pedreirinha, Bar São Jorge, Batistão e Changrislar;

- Indumentária básica: Para as mulheres, saias floridas e blusa "tomara-que-caia"; para os homens, sapatos, cinto, calça branca e camisa vermelha e/ou estampada.

O nome BREGA é proveniente das casas noturnas que tocavam esses ritmos, conhecidos como "bregões", denominação chula para o que era considerado cafona. Dessa forma, o brega se proliferou nas camadas menos favorecidas, entre os freqüentadores das zonas portuárias, redutos de prostituição e da boemia. Segundo Edson Coelho de Oliveira na década de 80 o brega ganha a designação americanizada de calypso para fugir à conotação pejorativa que por três décadas o estigmatizou no andar de cima da pirâmide social brasileira. Entretanto, atualmente a classe média “bem nascida e bem-vestida” parou de torcer o nariz para o tecnobrega e passou a freqüentar as festas de aparelhagem.

As escolas de dança de salão de Belém oferecem aulas de brega, coisa que ainda não acontece aqui em Salvador em relação ao arrocha. Abaixo alguns vídeos de casais dançando tecnobrega.

Fontes Consultadas:

http://sites.google.com/site/bregapop/historia_do_brega