4 de janeiro de 2009

Lambazouk

Apresentação livre de lambazouk com os professores Evie Souto e Gil de Souza em 17/08/2008 a convite de Ítalo Mandarino, organizador do evento Bailados na Noite, no salão do Quartel de Amaralina, Salvador, Bahia.

Mostra Dança em Processo 2008

Experimentação do projeto de práxis pedagógica "Diálogos no Escuro: uma metodologia não visual para dança de salão" como processo da disciplina Arte como Tecnologia Educacional II em 21 de outubro de 2008 durante a semana da Mostra Dança em Processo da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia.

Experimentações Lambazoukeiras.wmv

Evie Souto e Gil de Souza experimentando movimentos no lambazouk durante o grupo de estudos sobre interfaces entre improvisação de contato e danças de salão com o professor David Iannitelli na Escola de Dança da UFBA.

Eu e a Dança: como tudo começou

Não existe presente sem passado: a forma como encaramos certas situações e objetos está impregnada por nossas vivências. Neste breve memorial desejo contar um pouco da minha trajetória de vida acadêmica e do meu envolvimento com as artes, em especial a dança, que resultaram nas minhas buscas atuais sobre o ensino e prática das danças sociais a dois.
Nasci em Salvador no ano de 1973 e, até onde minha memória permite, carrego em mim a necessidade permanente de expressão através do movimento. Meu “grande sonho”, como de muitas meninas da época, era fazer ballet clássico. Entretanto, aos sete anos fui rejeitada por uma academia de ballet, tendo sido considerada “pequena demais para a idade”. Tal frustração me fez abandonar o sonho da sapatilha cor-de-rosa e buscar outras formas de expressão artística, como jazz, ginástica rítmica, dança afro, suingue baiano, dança do ventre, teatro e canto coral.
Após concluir o ginásio, ingressei no curso técnico-profissionalizante em química pela Escola Técnica Federal da Bahia (atual CEFET), tendo concluído em 1991. Em seguida, por afinidade curricular ingressei na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), me graduando em 1996. Durante toda a minha vida escolar necessitava significar as informações que estavam sendo “oferecidas” pelos professores, ou seja, a memorização acontecia não pela simples repetição, mas pela significação dos conteúdos. Paralelamente mantive a prática de atividades físicas e artísticas, especialmente a dança, para fins de saúde e entretenimento.
As Danças de Salão só entraram em minha vida em 1999, através de eventos conhecidos como baile-aulas em Salvador, onde então conheci o professor e dançarino Jayson França (atualmente com seu studio de dança em Maceió/AL), tendo sido sua namorada e parceira por três anos. Meu envolvimento com a prática pedagógica em danças de salão começou em 2002, motivada pela oportunidade de praticar gratuitamente ballet clássico, benefício concedido aos professores da Academia de Dança Maria Emília Clark, em Maceió/AL.
O sonho da sapatilha cor-de-rosa se tornou realidade durante um ano. Em julho deste mesmo ano participei do Curso de Aperfeiçoamento para Professores de Dança de Salão promovido pelo então Centro de Dança Jaime Arôxa, no Rio de Janeiro. O curso abordava aspectos técnicos, pedagógicos e comerciais, além de aulas de percepção rítmica aplicada à dança de salão. Foi o inicio dos primeiros questionamentos em relação aos conceitos e às metodologias de ensino utilizadas na dança de salão.
Em 2003, rompido relacionamento e parceria profissional, retornei a Salvador e comecei uma especialização em saúde coletiva outra vez na UFBA, onde tive contato teórico e prático com a pedagogia da pergunta de Paulo Freire, além da metodologia de planejamento estratégico-situacional. Paralelamente, tive contato com a metologia diferenciada do professor argentino Pablo Retamar, que nas suas aulas de tango reunia alunos de diversos níveis de conhecimento individualizando os exercícios voltados para a compreensão biomecânica dos movimentos e suas possibilidades. E os questionamentos continuaram a surgir. Em 2004 comecei a praticar contato de improvisação nas Jam Session coordenada pelos dançarinos Hugo Leonardo e Rossana Alves. A prática do contato de improvisação aguçou ainda mais minhas reflexões sobre a importância do sentido tátil-cinestésico para a comunicação e criação na dança de salão.
A idéia antropofágica não aceita passivamente andar pelos caminhos já cansativamente trilhados. Até 2006, mesmo sem fundamentação teórica, experimentei na minha práxis nas danças de salão conhecimentos adquiridos nas diversas áreas da dança que havia experimentado, além de buscar problematizar questões durante as aulas ou em discussões com outros profissionais da área. Em 2007, com o objetivo de fundamentar e transformar minha prática pedagógica em dança, ingressei na Escola de Dança da UFBA como aluna especial e cursei as disciplinas Danças Populares: Padrões em Evolução, Dança e Cognição (ambas do mestrado), além de Música e Ritmo (optativa da graduação). Em 2008 cursei o Módulo de Arte como Tecnologia Educacional I e II, pertencentes ao eixo pedagógico da graduação, além de formar com o professor David Ianetelli um grupo de estudo sobre princípios do contato de improvisação aplicado às danças de salão.
Nestes nove anos de observações, insatisfações, questionamentos e experimentações, continuo buscando aproximar o ensino e as práticas das danças de salão do contexto contemporâneo, através de reflexões sobre os conceitos de corpo, dança e mundo, sobre as transformações nas formas de se relacionar a dois que estão acontecendo em nossa sociedade e como isso tem se refletido nas formas se dançar socialmente a dois. Em 2009 pretendo continuar ampliando meus conhecimentos, dessa vez com as disciplinas Laboratório do Corpo, Laboratório de Criação Coreográfica e Estudos Crítico-Analíticos, além de dar continuidade ao grupo de estudo.