13 de maio de 2010

Corpos Noturnos - investigando possibilidades corporais

Investigações de possibilidades corporais e coreográficas da turma 2010.1 do curso noturno de licenciatura em dança da UFBA como atividade do módulo Estudos do Corpo I, sob a coordenação das professoras Lenira Rengel e Gilsamara Moura.

8 de maio de 2010

Desejos e Responsabilidades: o pensamento positivo e a perseverança como estratégias de ação.

“Tudo começa a ser real desde o pensar, pois é da lei da mente concretizar o que nela é elaborado, inclusive fazer sumir o que é ruim e firmar o que é bom”. (autor desconhecido)

No começo deste semestre, foi solicitado a nós, alunos da disciplina Estudos do Corpo I que escrevéssemos um pequeno algo inspirados na leitura do texto “Desejos e Responsabilidades” do Humberto Maturana. Decidi refletir e escrever sobre uma determinada característica à qual credito muitas das minhas conquistas na vida: a perseverança. E me lembrei de uma historinha que costumava escutar quando era criança, a do macaco Malaquias, que quando cismava com alguma coisa, nada lhe demovia dos seus objetivos.

Certo dia Malaquias deixa cair acidentalmente dentro do galho oco de uma árvore seu docinho de banana da terra, justo o que ele mais gostava!. Determinado a recuperar o seu docinho, Malaquias toma a decisão que lhe parece mais simples: vai até o ferreiro da cidade e lhe pede para fazer um machado. Mas o macaco não tem dinheiro, o ferreiro lhe vira as costas. E assim começa a saga de Malaquias. Na história musicada, cantada (e acredito que composta) por Tom Zé, Malaquias recorre a diversos personagens seguindo uma hierarquia crescente de influência. A cada novo personagem sua ladainha vai se tornando maior até que ele chega às últimas instâncias e decide então enfrentar a Morte. Segue abaixo o último trecho da ladainha de Malaquias:

“Oh Dona Morte, oh, oh Dona Morte, oh, oh Dona Morte, oh Dona Mortinha... Oh Dona Morte vá matar o homem, para ele matar o boi, para ele beber a água, para ela apagar o fogo, para ele queimar o pedaço de pau, para ele bater no cachorro, para ele morder o gato, para ele comer o rato, para que ele vá roer a roupa da Rainha, que é para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer o machado (inspira profundamente para recuperar o fôlego), que eu preciso cortar o galho pra tirar o meu docinho que caiu dentro do oco”.

E a Morte então se rende ao drama de Malaquias e começa uma sucessão de ameaças de acordo com os planos do macaco. Enfim, ao mando do rei, o ferreiro faz o machado, Malaquias recupera seu docinho e o saboreia satisfeito. Tenho uma grande identificação com Malaquias. Quando quero algo sou capaz de uma persistência invejável. Ano passado “cismei” que precisava entrar na turma de Antrifo e Fernando, mesmo não podendo freqüentar ás sextas. O universo conspirou a meu favor e consegui me inserir na disciplina.

Este ano, no ato de inscrição para a Oficina de Iluminação Cênica com Fernanda Paquelet no ponto de cultura GAMBOARTE, fui informada que só haviam 12 vagas (eu era a 20 inscrita), mas que se houvesse desistência eu seria informada. E eu cá comigo “mesmo assim estarei aqui na primeira aula!”. Por sorte eram 20 vagas e eu não precisei entrar de “penetra”. Entretanto, quando soube da Oficina de Maquiagem Artística promovida pela FUNCEB e ministrada por Marie Thauront, as poucos vagas por turma já tinham sido preenchida em três dias.

Para quem não conhece, Marie Thauront é “a referência” em maquiagem artística em Salvador. Francesa, radicada na Bahia, Marie formou-se pela Ecole Chauveau de Paris e tem 25 anos de experiência em maquiagem para teatro, cinema, publicidade, shows e social. Antes de começar o curso falei com ela uma seis vezes por telefone e email explicando minha necessidade em participar e insistindo para que ela me aceitasse como aluna “olhante / ouvinte”, e que, apenas no caso de alguém faltar, ela me desse a oportunidade de praticar. E ela sempre gentilmente argumentava que achava que não seria possível, pois a procura tinha sido imensa e eu era a 40ª na lista de espera da minha turma (que tinha 180 esperando).

Primeira aula e OLHA EU LÁ, com a minha cara de pau bem polida. Apresentação da turma e eu assumi que estava ali na qualidade de aluna penetra. E ela disse “ah, sim, me lembro de você”. Acordamos que eu só praticaria quando alguém faltasse, pois o material fora comprado para apenas 60 alunos e não teria direito ao material didático nem ao certificado. Tudo bem, eu aceito, é o conhecimento que mais me interessa. E antes de cada aula eu desejo com fervor que falte alguém e não é o que vem acontecendo? Já tivemos sete aulas e pude participar de todas!

E agora saiu o edital para as vagas residuais da UFBA que eu tanto esperava! Todo ano a UFBA avalia a possibilidade de abrir vagas pra transferências e portadores de diploma através de uma seleção mais simplificada que o vestibular. Em 2009 não teve nenhuma. Para dança faz anos que não tem. Mas este ano abriram 6 vagas para o curso de licenciatura em dança diurno! Ainda terei que esperar até junho, pois os alunos da UFBA que desejarem mudar de curso tem prioridade no processo. Eu, como portadora de diploma, sou a ÚLTIMA na lista das prioridades. Mas, como diria Malaquias, a esperança é a última que morre! Acredito que uma dessas vagas será minha. Por que? Porque simplesmente EU QUERO MUITO QUE ISSO ACONTEÇA!

Como o autor, acredito que construímos nossos caminhos na vida a partir dos nossos desejos. Já consegui muitas coisas usando a estratégia Malaquias e até mesmo quando não tenho êxito me sinto satisfeita por ter tentado insistentemente. Como diz o ditado, prefiro me arrepender daquilo que fiz do que daquilo que não fiz. Obrigada Malaquias, por não me ensinar a persistir. Torçam por mim!