21 de dezembro de 2010

HIZAM

Este foi um 56 videos sugeridos pelos professores de EPC IV que falei no texto anterior. Pretendo postar aqueles que me despertaram um interesse especial, e tentar explicitar o quê neles me chamou a atenção.

Não consegui mais informações sobre esse vídeo na internet. Sei apenas que este trecho foi apresentado no Teatro de Chaville, na França. A técnica usada é a improvisação por contato, mas não poderia afirmar se há improvisação foi utilizada no processo de investigação ou também durante a apresentação no Teatro. Amo improvisação por contato como método investigativo em dança. Neste trabalho pode-se observar a predominância da ação “rolar”. Os movimentos são lentos, suaves e contínuos, com alguns momentos estáticos onde a dupla encontra pontos de equilíbrio.

2010-2: Avaliando o meu primeiro semestre como aluna regular

No segundo semestre de 2010, como já estava participando das oficinas de criação de figurino e criação de trilha sonora até outubro, resolvi cursar apenas duas disciplinas: Estudos Críticos Analíticos IV (ECA IV) e Estudos dos Processos Criativos IV (EPC IV). Apesar de estar inserida na Escola de Dança como aluna especial desde 2007, este foram os primeiros dos quatro componentes dos respectivos módulos. Do jeito que vai, estarei cursando os componentes do primeiro semestre quando for concluinte! Até então, não vejo problema nenhum que seja assim.

Como nos semestres anteriores, o time de professores contou muito para a minha escolha. À frente de ECA IV estava Fernando Passos, meu professor durante 2009, e Lúcia Matos, da qual apenas tinha ouvido falar em termos de competência e exigência. Já em EPC IV foi Sérgio Souto quem determinou minha escolha, pois tenho especial interesse nos conteúdos musicais que já sabia serem a sua especificidade. Aroldo Fernandes eu não conhecia e qual não foi minha surpresa ao ganhar David Iannitelli de “brinde”, posto que até o momento da matrícula ele não estava previsto como professor da turma. Tenho grande afinidade pelas pesquisas de David, além de admirar sua dedicação para com os alunos e para com a Escola. Em 2008 tive a feliz oportunidade de fazer parte de um grupo de estudos sobre improvisação por contato nas danças de salão com ele, e para mim foi muito produtivo.

Minhas Expectativas

ECA IV transcorreu dentro das minhas expectativas, embora tenha sido muito prejudicada devido aos feriados e “enforcados” deste semestre. Dessa forma, o tempo teve que ser otimizado para abordar o conteúdo proposto: tivemos discussões sobre etnografia e prática artística, leitura e discussão de três textos (grandes e densos), exercícios individuais e coletivos e apreciação de registro em vídeo de algumas obras de dança. Essa foi minha principal insatisfação, já que estava ávida principalmente por esta atividade. A dupla Lúcia e Fernandinho, pessoas tão diferentes conseguiram equilibrar suas qualidades.

Minha expectativa geral para EPC IV foi a de um lugar para experimentações de composição em dança de uma forma ampla, ou seja, que contemplasse não só o estudo de movimento e espaço, como também pensar e experimentar seus diversos elementos cênicos, como iluminação, cenografia, trilha sonora, maquiagem, figurino, dentre outros. Entrei disposta a experimentar, sem direcionamento em nenhum projeto específico.

Se ECA IV foi marcada pela racionalização dos conteúdos, EPC IV aconteceu um verdadeiro dilúvio! O trio harmonioso e animado trio Sérgio-Aroldo-David não economizou na hora de oferecer opções para investigações corporais, usando a diversidade de seus conhecimentos específicos para multiplicar a oferta de pontos de partida que em determinado momento me deixou desnorteada por achar que eu deveria acumular todas as experiências numa mesma coreografia.

Foram disponibilizados 13 textos para leitura (dos quais li até hoje oito) e 56 links do youtube (dos quais assisti 30 até hoje), fora os vídeos vistos em sala de aula. Além disso, tivemos informações sobre iluminação cênica, maquiagem artística e um bate-papo sobre criação de figurino com meu muito querido Miguel Carvalho.

Todos as atividades propostas foram pertinentes e interessantes para mim. Lamento a crise que se abateu no meu grupo inicial, e que me levou a preferir me engajar no solo da colega Lucimar, colaborando na criação de luz, figurino, maquiagem e trilha sonora, áreas nas quais participei de oficinas durante este ano e que acredito que venha a ser uma boa oportunidade de por em prática os conhecimentos adquiridos.

Enfim, mais um semestre que termino cansada mas satisfeita!

8 de dezembro de 2010

Análise crítica do vídeo dança FF►►

Idealizado por Letícia Nabuco e Tatiana Gentile, FF►► foi um dos cinco vídeo danças selecionados na edição 2006-2007 do programa Rumos Itaú Cultural Dança Cultural. Através de uma seqüência de movimentos contínuos e lentos no nível baixo,os intérpretes Letícia Nabuco e Marcello Stroppa mantêm a mesma direção e velocidade e ao som de um tema de jazz vão “avançando” por diversos ambientes urbanos da capital carioca, construindo uma relação espaço-temporal ao mesmo tempo dinâmica e lenta, situação somente possível dentro da realidade virtual deste tipo de obra tecnológica.

Os dançarinos utilizam na sua composição coreográfica as mesmas ações básicas de engatinhar, rolar, agachar, deslizar, levantar e abaixar, porém executadas de formas e combinações diferentes. As especificidades dos ambientes onde a dança acontece determina pequenas variações na ordem e duração dos movimentos de ambas das seqüências. E dessa forma, em aproximadamente seis minutos, os dançarinos “avançam” diferentes locais de passagem da cidade do Rio de Janeiro, como ruas, viadutos, praias, praças, lanchonetes, floriculturas e parques.

FF►► parece propor reflexões sobre a relação espaço-temporal entre corpo e ambiente urbano. Os movimentos lentos e contínuos dos dançarinos contrastam com os ambientes por onde eles passam cujos obstáculos parecem ser incapazes de interromper o desenvolvimento de suas coreografias. A opção por um tema jazzístico como trilha sonora colabora com a idéia de tempo contínuo e lento, tanto pelas características musicais quanto por eliminar grande parte da sonoridade própria de tais ambientes (com exceção do início e do final). A edição das imagens cuidou em preservar a continuidade da seqüência coreográfica, aproximando os ambientes. Desta forma, o tempo lento da execução musical e coreográfica contrasta com a velocidade do avanço geográfico, algo somente possível no mundo virtual.

Linguagem artística surgida das relações entre o cinema e a dança, o videodança possui especificidades próprias. Ivani Santana em “Esqueçam as fronteiras! Videodança: ponto de convergência da dança na cultura digital”, (citada em Souza 2009), propõe que a videodança seja compreendida como “um ponto de convergência, de onde, a partir de mediações entre linguagens, emerge uma nova”, pois ainda que determinada obra seja feita a partir de uma coreografia pré-existente à captura, sua configuração como videodança se dará a partir de um entrelaçamento de linguagens, o que a tornará pertencente a um novo meio.

Não cabem, portanto, comparações ou afirmativas preconceituosas como “o vídeo é utilizado para camuflar a falta de habilidades corporais”, uma vez que se trata de meios diferentes, e que requerem habilidades diferentes. Como diz Souza (citada em Souza 2009), “assim como não basta colocar um corpo em cena e dizer que é dança, não bastam imagens de um corpo em movimento para caracterizar a videodança”. Dessa forma, esta autora sugere então uma compreensão de videodança a partir do diálogo entre a dança e a tecnologia, propondo “um universo novo que não existe em outro lugar que não seja o espaço de criação, dado por três momentos espaço-temporais: corpo, câmera e montagem”.

A discussão do corpo na videodança envolve tanto sua relação com a câmera quanto a questão da materialidade. O corpo virtualizado na imagem pode ser reconfigurado e manipulado através de abordagens diversas. Este corpo não é obrigatoriamente humano ou mesmo antropomórfico. Entendendo a corporificação da informação como sua materialização no mundo físico, a corporificação da videodança se dá na mídia. Doulgas Rosenberg em “Notas sobre a dança para câmera e manifesto” (citado em Grotto e Silva, 2010) lança questionamentos do tipo “o que ocorre quando o corpo é o instrumento que inscreve sua própria imagem em um filme?” e diz, ainda, que “a dança para câmera recupera corpos mortos, reinventando-os e recorporalizando-os”. O corpo que se desmancha só fará sentido na obra em questão, enquadrado pela câmera e relacionado aos elementos descritos.

No vídeo dança o corpo é problematizado e discutido no domínio da dança, o que traz a esta discussão um olhar específico. Para Grotto e Silva (2010), faz-se necessário que tal olhar parta não somente da dança e nem que se reduzida a ela.

Não se pode colocá-la como protagonista da interface dança-vídeo, observando apenas a modificação de suas estruturas coreográficas, formas de movimento na tela, papel e conceito do bailarino, etc. O que vemos na maioria das problematizações teóricas acerca do vídeo dança é a referência ao vídeo apenas como uma simples ferramenta, sem voltar-se às suas especificidades enquanto mídia audiovisual, insistindo na idéia de que a dança ainda é a parte principal do híbrido.

(GROTTO, SILVA, 2010, p.5-6)

Os autores também alertam ainda sobre o potencial deste tipo de obra tecnológica para revelar a dança em espaços distintos dos tradicionais. “A possibilidade de montar uma coreografia em um banheiro, numa praça e registrá-la em vídeo e lançá-la para o público é uma maneira de colocá-la em outros lugares. E esse deslocamento simbólico parece ser uma metáfora dos novos contextos sociais, dos quais a dança passa a ocupar quando da sua interação com as novas tecnologias”. Além disso, esse tipo de mídia permite que a dança se torne um evento artístico possível de ser recebido por grandes massas, provocando alterações na relação emissor-receptor envolvida na dança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FF►►. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=vxIseze3VSQ Acesso em: 11 nov 2010.

GROTTO, Valdair. SILVA, Diego. Vídeo, Dança e Comunicação e suas ligações com mídia. Goiânia: Universidade do Estado do Mato Grosso, 2010.

SOUZA, Isabel C. Especificidades da Videodança: o hibridismo, experiência tecnestésica e individualidade no trabalho de jovens criadores brasileiros. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2009)

Resumo da resenha crítica sobre o vídeo dança FF►►, elaborado pelas licenciandas em dança Evie Souto Miranda e Carolina Luisa Bastos Santos, como quarta avaliação parcial do módulo Estudos Críticos Analíticos IV, orientado pelos professores Fernando Passos e Lúcia Matos (UFBA: Salvador, 2010-2)

FF►►

Videodança produzido por Letícia Nabuco em parceria com Tatiana Gentile, Karenina de Los Santos e Marcello Stroppa através de recursos do Rumos Itaú Cultural Dança (2006/2007). Integrante do Circuito Mercosul de videodança, da Mostra Videofronteras -- Espanha e a Mostra Lecube -- França. Exibido em mais de 20 países e em diversos estados brasileiros.

Painel Performático da Escola de Dança da UFBA chega a sua décima sexta edição

O Painel Performático de Dança, realizado na Escola de Dança da UFBA, chegou a sua décima sexta edição proporcionando ao publico uma série de projetos que traduziram em movimentos, todo o processo do fazer artístico. O Painel surgiu como uma forma de apresentar as experiências acadêmicas dos estudantes ao longo do período letivo. As apresentações são realizadas ao final de cada semestre e fazem parte da avaliação dos estudantes que aceitam participar do trabalho com suas respectivas performances. A exibição dos espetáculos também contribui para o amadurecimento de cada aluno, onde podem receber uma resposta mais direta dos espectadores que apreciam a obra dos dançarinos.