3 de janeiro de 2011

ROSAS DANST ROSAS

Este vídeo foi sugerido pelo professor David Iannitelli em Estudos dos Processos Criativos IV. Ele mostra parte do videodança ROSAS DANST ROSAS da companhia ROSAS de Bruxelas (Bélgica), importante núcleo de criação da dança contemporânea mundial desde 1982. Dirigida pela coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker, uma das coreógrafas mais proeminentes dentro dança contemporânea mundial, o grupo ROSAS foi fundado em 1983, transformando-se na companhia residente da Real Ópera de Munt/La Monnaie de Bruxelas em 1992.
No início da residência, Anne Teresa estabeleceu três metas: construir um repertório para o grupo, intensificar a relação entre dança e música e para criar uma escola de dança. Desenvolve-se um repertório baseado em procedimentos minimalistas: estruturas coreográficas simples, repetidas várias vezes, em velocidades diferentes. A linguagem desenvolvida pelo grupo é considerado como “uma dança de escrita pura, com movimentos no espaço e no tempo e onde a relação entre movimento e música é central”. Em 1995, Rosas e o La Monnaie lançaram em Bruxelas uma escola internacional nova para a dança contemporary. P.A.R.T.S. , onde vem realizando pesquisas artísticas e onde 70 estudantes originários de 25 países recebem treinamento intensivo durante três anos por mais de 50 professores.
Assim que vi este vídeo recordei a primeira aula de EPC IV, quando o professor Sérgio Souto dividiu a turma em 04 grupos e escreveu no quadro 04 frases rítmicas de oito compassos quaternários. A primeira frase era igual para todos, mas do segundo compasso em diante havia variações nas figuras musicais utilizadas (mínima, semínima e colcheia). Cada grupo deveria criar uma coreografia coletiva respeitando sua frase rítmica. Se executadas simultaneamente, as frases se harmonizavam de forma canônica (em música, chama-se cânone a forma polifônica em que as vozes imitam a linha melódica cantada por uma primeira voz, entrando cada voz, uma após a outra, uma retomando o que a outra acabou de dizer, enquanto a primeira continua o seu caminho: é uma espécie de corrida onde a segunda jamais alcança a primeira.) e isso me fez recordar meus velhos tempos de canto coral (quantas saudade!).
Foi justamente o uso da rítmica que mais me chamou a atenção neste vídeo. As quatro bailarinas parecem executar a mesma seqüência em combinações diferentes, se hamonizando ora de modo sincrônico, ora de modo canônico, como um quarteto de vozes cuja rítmica de cada melodia individual combinada dá a dinâmica da música final. Na dimensão coreográfica, a partir de uma única seqüência composta por movimentos simples e repetitivos gerou-se uma coreografia rica e cheia de nuances.
Fontes eletrônicas consultadas: