Minha história com o balé clássico começou em 1980 quando, aos sete anos, fui rejeitada como aluna por uma academia de dança sob a justificativa de ser “pequena demais para minha idade”. Apesar deste episódio segui dançando pela vida afora, mas ele já tinha garantido ao balé o lugar de “aquilo que não era para mim”. Mas como desejos adormecidos tendem a despertar um dia, em março de 2002 enveredei pelo ensino das danças de salão (sordidamente motivada) pela oportunidade de praticar gratuitamente qualquer aula oferecida pela Academia de Dança Maria Emilia Clark (Maceió, AL) a seus professores.
E assim, aos 29 anos, ingressei na turma de básico II, freqüentada por meninas de sete a oito anos com tudo a que tinha direito: collant, meia, sapatilha, faixa e redinha de cabelo! A “idade avançada” e o corpo “não apropriado” já não eram obstáculos para a realização daquilo que durante mais de duas décadas acreditei ser inacessível para mim. Estava dançando um sonho frustrado na infância. Porém, em dezembro de 2002, tive de retornar a Salvador sem ter provado as dores e as delícias de dançar nas pontas. Busquei dar continuidade ao balé, porém não me identifiquei com nenhuma das aulas que visitei, pois todas elas tinham como (pré)requisito o (re)conhecimento imediato de estruturas e nomenclaturas. Foi então que me dei conta de que tais aulas de dança no formato “decoreba” eram “pequenas demais para minha idade”.
Cinco anos depois, o desejo de ter licitamente direito a pagar meia-entrada como estudante me levou (outra vez de forma sórdida) a ingressar como aluna especial na Escola de Dança da UFBA em 2007. Mas os caminhos parecem mesmo se formarem a partir de linhas tortas. Logo peguei o gosto pela coisa e segui abrindo trilhas pela dança sob a condição de aluna especial (e às vezes ouvinte), até que, no segundo semestre de 2010, consegui ingressar como aluna regular no curso diurno de licenciatura em dança através das (tão desejadas por mim) vagas residuais, as primeiras seis oferecidas pela Escola de Dança em seus 50 anos de existência.
Meu reencontro com o balé se deu no primeiro semestre de 2010, durante o módulo Estudos do Corpo I, do recém nascido curso noturno, onde pude vivenciar a técnica do balé como prática contemporânea de dança. Para mim foi um grande presente! Senti que enfim encontrara uma aula que “coubesse” no meu corpo. Atualmente, após um ano e meio de “uso contínuo”, me confesso “adicta” das aulas de Lenira Rengel, que conquistou para sempre seu lugar como MESTRA na minha vida. A ela minha eterna gratidão pela generosidade com que sempre compartilhou seus conhecimentos, pela amorosa compreensão dos meus limites e dificuldades, pela carinhosa disciplina e infinita paciência com que ministra suas aulas. A ela que sabe como ninguém, como ser ERETA SEM SER RETA!
Apresentação do trabalho apresentado para avaliação da disciplina Técnica de Ballet Clássico I, sob orientação da professoras Lenira Rengel em 2011-1
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