17 de julho de 2011

ERETO NÃO É RETO! A técnica de balé clássico como prática contemporânea de dança - parte I

Breve Histórico

A palavra BALÉ vem do inglês "ballet", que a tomou de empréstimo do francês por volta de 1630. A palavra francesa, por sua vez, tem origem na palavra italiana "balleto", diminutivo de ballo (dança), que vem do latim "ballare", que significa dançar, e que por sua vez vem do grego "βαλλίζω" (ballizo), que significa "dançar, saltar sobre".1 Ainda segundo o Wikipédia, o balé surgiu nas cortes italianas do século XV, embora o seu desenvolvimento tenha sido maior durante o século XVII nas cortes francesas de Luis XIV, fato que refletiu diretamente no vocabulário do balé. A partir de 1830 o balé entrou em declínio na França, mas continuou a se desenvolver técnica e artisticamente em outros países.

Os métodos mais amplamente reconhecidos e aplicados no mundo são o russo Vaganova, o italiano Cecchetti, o dinamarquês Bournonville , o americano Balanchine, o método cubano e o inglês RAD ( Royal Academy of Dance), sendo este último o mais difundido no Brasil, apesar da técnica cubana ser considerada a única construída a partir do corpo e da cultura latina. Como prato principal das suas aulas balé, Lenira Rengel nos ofereceu Cecchetti com pitadas de outros métodos ao molho Laban, sempre acompanhado por muito respeito e atenção às necessidades de cada um de seus alunos.alunos.

O Método Cecchetti

Em 1918, Enrico Cecchetti desenvolveu em Londres seu próprio método de balé onde os alunos, através de um exigente treinamento, eram dotados de força, equilíbrio e elasticidade visando estar bem preparados para as mais diversas exigências coreográficas. Uma das grandes bailarinas influenciadas pelo método de Cecchetti foi Anna Pavlova. 2

As aulas de Cecchetti se baseiam principalmente na repetição de conjuntos de exercícios aos quais é dedicado um dia da semana. Entretanto, o próprio Cecchetti frisou que além desses exercícios o professor deve acrescentar a cada dia seqüências de passos compostas por ele mesmo para que os alunos aprendam a assimilar novas seqüências de maneira rápida. Uma particularidade de método é que os passos são iniciados de um lado da perna em uma semana e pelo lado contrário na seguinte, alternadamente. Outra característica é a valorização do fluxo e da mistura dos braços entre as posições mais do que qualquer outra técnica de balé clássico, trabalhando o equilíbrio em cada perna, a postura bem alinhada e a graciosidade desenvolvida pelos seus exercícios de port de bras*. Até hoje são usados as oito posições de braço e os 40 adágios** exatamente nas seqüências de passos como Cecchetti os escreveu. 3

Diz-se que o método Cecchetti valoriza a qualidade sobre a quantidade, com vistas à auto-suficiência dos bailarinos em relação ao instrutor, estimulando-os a pensar no movimento do corpo como um conjunto e não só em cada parte do corpo separadamente, valorizando o conceito de linha do corpo e do movimento. Outra característica distintiva do método é o incentivo ao movimento dentro dos limites individuais. O método Cecchetti é acusado por alguns de ser monotonia e de não manter o interesse do aluno, críticas às quais seus defensores rebatem dizendo que “o aluno não está na aula para se divertir, mas para aprender seu ofício”. 3

De maneira geral, nossas aulas de balé “Lenira-Cecchetti” eram compostas de quatro momentos: no chão (exercícios realizados nas posições sentada, decúbito dorsal e decúbito ventral), na barra (frente, lado direito, lado esquerdo), no centro e na diagonal. Foram utilizados exercícios de barra, repetidos e mantidos por todo o semestre (inclusive das músicas na qual eram executadas). Não conheço as posições de braço e os adágios do Cecchetti, mas pelas descrições nas notas de rodapé no final desta página, creio que os mesmo tenham sido utilizados. Quanto à alternância das pernas, não me lembro de ter sido utilizado, talvez porque nossa aulas não sejam diárias e também porque, apesar de ter o método Cecchetti como base, não creio que a apreensão do método Cecchetti tenha sido o objetivo das aulas, mas sim um meio para usufruir de seus benefícios.

A repetição e manutenção das estruturas (e até mesmo das músicas), longe de me encher de tédio, atuou como facilitador na memorização das seqüências de movimento (onde reconheço que tenho grande dificuldade), me deixando mais segura e livre para observar a qualidade com que realizava os exercícios. Apesar do esforço, concentração e disciplina exigidas, as aulas sempre foram descontraídas, e porque não dizer divertidas. Lenira sempre soube conduzir suas aulas com amorosa disciplina, com infinita paciência, com escuta às nossas dúvidas e dificuldades. Quero ressaltar ainda o caráter optativo desta disciplina na grade curricular do curso de licenciatura em dança. Portanto, participo dela por interesse pessoa no conteúdo e, especialmente, pela forma como a mesma é conduzida por Lenira Rengel.


* Movimento ou série de movimentos onde os braços passam de uma posição para outra.

** Série de exercícios feitos no centro da sala de aula, composto por uma sucessão de movimentos lentos e graciosos que podem ser simples ou de caráter mais complexo, executados com fluidez e aparente facilidade. Visando o desenvolvimento de sustentação, dando mais linha nos movimentos do bailarino, equilíbrio e postura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bal%C3%A9>. Acesso em 23/06/2011

2. Disponível em <http://balletmonde.blogsome.com/2007/06/21/metodo-cecchetti/>. Acesso em 23/06/2011

3. Disponível em <http://balletmonde.blogsome.com/2007/06/21/metodo-cecchetti/>. Acesso em 23/06/2011

Primeira parte do trabalho apresentado para avaliação da disciplina Técnica de Ballet Clássico I, sob orientação da professoras Lenira Rengel em 2011-1.

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