Em “Transposição
da Linguagem Coreográfica dos Salões para os Palcos”, artigo apresentado no IV
Colóquio Internacional de Etnocenologia da UFMG, Jomar Mesquita chama a atenção
para a insipiência das pesquisas artísticas que utilizam as danças de salão
como técnica de base para as suas criações coreográficas como conseqüência de alguns
equívocos durante tal processo de transposição. Segundo Mesquita, os
espetáculos de danças de salão frutos de pesquisas artísticas surgiram somente no
final do século XX e, em sua opinião, a maioria dos grupos e companhias ainda
não conseguiu se desvencilhar da reprodução do formato de baile, resultando quase
sempre em produções cafonas, no estilo de show para turista, enquanto outros
grupos perderam seu foco de pesquisa por se deixarem influenciar demasiadamente
por outras técnicas de dança. Entretanto, o autor aponta para a emergência de algumas
experiências bem sucedidas em preservar a base da linguagem coreográfica dos
salões de forma inovadora e
contemporânea, através da desconstrução e releitura de suas tradições, como tem
feito a Mimulus Cia de Dança de Belo
Horizonte. Denominada por alguns críticos como dança de salão
contemporânea, a Mimulus Cia de
Dança, na qual Mesquita atua como dançarino, coreógrafo e diretor, tem se apresentado e recebido premiações
em renomados festivais internacionais de dança contemporânea devido à inovação
da linguagem e ao tratamento profissional dado às suas produções. Enfim,
Mesquita termina seu artigo lançando reflexões sobre os possíveis efeitos de
tais transposições de linguagem coreográfica dos salões para os palcos:
destruição de uma cultura popular ou transformação em uma nova e rica vertente
da dança contemporânea?
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