Este blog é para mim um exercício e desafio pessoal de registrar com palavras escritas minhas vivências e idéias sobre dança, em especial sobre as danças de salão.
15 de outubro de 2010
Estudos do Corpo II: Aulas com Odailso Berté
11 de outubro de 2010
Damas de Ouro: Luzes, Cores e Movimentos
Neste primeiro semestre de 2010 fui agraciada com a oportunidade de estar em contato com quatro mulheres incríveis, que na qualidade de minhas mestras, generosamente compartilharam comigo seus conhecimentos e experiências de vida. Este texto é uma homenagem às estas quatro damas de ouro: Fernanda Paquelet, Marie Thauront, Lenira Rengel e Gilsamara Moura, e se complementa com o vídeo postado abaixo.
Tudo começou no segundo semestre de 2009, quando a Malaquias aqui “cismou” que iria escrever um projeto para o Yanka Rudzka, edital anual da Fundação Cultural da Bahia para montagem de espetáculos de dança no Estado da Bahia. Quebrei a cabeça e consegui escrever o projeto, que apesar de boa fundamentação teórica, não foi selecionado. Entretanto, este exercício foi de fundamental importância para que eu pudesse perceber que necessitava conhecer algo das áreas técnicas das artes cênicas.
Fernanda Paquelet, sempre de alto astral!
Em fevereiro recebi um email do Ponto de Cultura Gamboarte onde anunciava oficinas gratuitas de iluminação cênica, cenografia e interpretação. Escolhi a primeira, tanto pelo horário quanto pelo meu encanto pela luz. Consegui pegar a última das 20 vagas oferecidas. O curso foi coordenado por Fernanda Paquelet, carioca-baiana atriz, diretora e iluminadora.
Paquelet, como a chamávamos, é uma das pessoas mais bem humoradas que conheci. Concordo quando diziam que é impossível alguém não gostar dela. Simples, competente, acessível, divertida, irreverente, descontraída, cabeça-fria. Suas aulas, recheadas da sua filosofia do bem-viver, passavam rápidas de tão agradáveis e interessantes que eram. Graças a seu bom relacionamento, tivemos visitas ilustres, como Marcelo e Luiz Marfuz, Irma Vidal, dentre outros, além de uma visita ao TCA guiada pelo chefe de palco Marquinhos.
Na expectativa que chegassem os novos refletores do Teatro Gamboa, nos concentramos mais nos exercícios de criação de luz. A parte de montagem e operação ficou para o final e devido à férrea disputa pela oportunidade de montar/desmontar e operar, eu optei por não me desgastar neste processo. Pela quantidade de conteúdos a serem explorados, essa oficina merecia outros três meses.
Marie Thauront, toda paciência e gentileza!
Foi um colega da oficina de iluminação quem me falou sobre o Curso de Maquiagem Artística a ser ministrado por Marie Thauront, maquiadora francesa radicada na Bahia, uma profissional de grande reconhecimento no meio artístico, contemplado por um edital da FUNCEB e por isso gratuito. Imediatamente fiz minha inscrição, mas logo soube que houvera uma inscrições (só na minha turma eu era a 40ª de uma lista de 180 inscritos para 15 vagas). A Malaquias aqui então cismou e cismou, mandou email, pediu por telefone e, apesar de todos os gentis “nãos” recebidos de Marie, lá estava eu, usando a minha melhor e mais lustrada cara-de-pau no primeiro dia de aula.
Não sei por que cargas d’água, imaginei que uma “maquiadora francesa” como uma mulher alta, de cabelos vermelhos, sempre maquiada, de voz aguda estridente, sujeita a ataques de histeria. E lá estava Marie, pequena, tranqüila, com sua voz suave, vestida de forma simples e, pasmem, de cara limpa! Nem um batonzinho pra contar história!
Tanto insisti que consegui sua concessão para assistir as aulas como ouvinte durante o primeiro mês. Caso faltasse alguém, poderia fazer a prática. Foi então que comecei a desejar sordidamente que todo dia alguém faltasse. E toda aula meu desejo ia se realizando, e eu fui praticando até que, no final do mês recebi a notícia de havia sido efetivada. Juro que me deu vontade de sair pulando pela sala.
O curso foi maravilhoso tanto no conteúdo, como nos materiais que pude conhecer e experimentar. As 120h passaram voando e deixou vontade de quero mais. Marie conquistou minha admiração por sua competência como profissional e mestra, pela sua grande paciência, pelo cuidado em nunca desvalorizar nossos resultados (por vezes tão toscos) e, especialmente por me acolher em seu curso.
Lenira Rengel e Gilsamara Moura, energia pra dar e vender!
Por sugestão do meu queridíssimo professor Antrifo Sanches, investi meu último crédito como aluna especial na disciplina Estudos do Corpo I do curso noturno, sob coordenação de Lenira Rengel e Gilsamara Moura. “ - Elas são maravilhosas, você vai ver!”, foram as palavras de Antrifo para descrever essa dupla dinâmica (e põe dinâmica nisso!). Duas paulistas ligadas no 220v, chegadas a pouco mais de um ano , trazendo na bagagem muita vontade de fazer. JUMP!
Técnicas de ballet clássico, Cunningham e power yoga, dentre outras, foram propostas para condicionamento físico e estudos corporais. Investigações sem ter a virtuose, como meta, sem ficar se comparando ou disputando quem é o melhor. Preocupação com a compreensão de cada detalhe, do que porquê daquilo que se está fazendo e não apenas fazer. Rigor e tolerância caminhando lado a lado, buscando uma compreensão contemporânea do corpo, da dança, da educação. Conhecimentos que se complementam e diversificam as atividades, tudo isso com som ao vivo e grilos e pererecas, de cigarras e abelhas, que foram carinhosamente incluídos na nossa coreografia para o XV Painel Performático da Escola de dança da UFBA. É muito bom quando o trabalho em equipe funciona.
Por essas e outras tantas razões não contempladas neste texto, minha eterna gratidão a essas quatro mulheres, mestras de seus conhecimentos específicos, damas que valem ouro pelo seu ser e seu fazer. A elas todo meu respeito e admiração.